quarta-feira, 24 de junho de 2009

NO NATAL, ELE SE FOI...

PARTE XIII


O LEITO, FINALMENTE


Na semana que se seguiu, houve um grande movimento no Banco. Final de ano sempre é movimentado. Eu trabalhava com a mente dividida, parte de mim era absorvida pela rotina, enquanto outra não desligava do pai. Eu ligava prá farmácia de manhã, de tarde, de noite. Ligava pro Dr. Sílvio, pro Dr. Jorge - acho que incomodava meio mundo. Mas não havia muito o que fazer. Havia a certeza de que conseguiríamos o tal leito na Santa Casa, mas estávamos reféns do esforço que fazia o Dr. Sílvio em Porto Alegre. Foi mais uma semana muito tensa. No dia 1° de Janeiro de 2006, nos reunimos com a família da Neu. Fazíamos isso sempre. O Natal era da minha família, o primeiro de ano era da dela. Quase sempre conseguía-se reunir todos os filhos, genros, noras, netos, num agradável almoço familiar,sempre prazeirosamente comandado pelo meu sogro e pelo meu cunhado César. Naquele dia, o assunto foi o problema do pai. E ficou visível que o meu abatimento contagiou a todos. Nada faltou naquele almoço que pudesse deixá-lo menos agradável, mas percebía-se que havia uma consternação de todos com a notícia da gravidade da doença dele. Enquanto isso, em Paim, o Nando e eles procuravam confraternizar normalmente. Como se isso fosse possível. Como desejar um "feliz ano novo" para alguém que caminha inexoravelmente para uma situação em que até a sobrevida torna-se uma incógnita? Mas os "rituais" foram mantidos. Abraços, desejos de paz e prosperidade, tapinhas na nuca acompanhados de um "vai dar tudo certo". O apoio de familiares e amigos não tem preço nesses momentos difíceis. Cada vez mais eu aprenderia isso e me tornaria um cara solidário, como nunca eu havia sido na vida.
Desta vez não voltamos direto para São José do Ouro. Demos a volta por Paim Filho, onde ainda abraçamos a todos e tentamos passar algum otimismo. Conversamos com o Nando, com a mãe, com o pai. E tentamos demonstrar tranquilidade, pois a hora de viajar estava próxima, embora frustrada a expectativa de que obtivéssemos a vaga durante a semana anterior. E retornamos no final da tarde.
No dia 02 de Janeiro, com aquele intenso movimento no Banco, em razão do vencimento do IPVA, tive pouco tempo prá pensar em outra coisa. Não houve folga. Clientes em quantidade muito acima do normal, fila até fora do Banco. Mesmo assim liguei duas vezes pro pai durante o dia. E pedi que ficassem preparados, que falassem com a Secretaria da Saúde reservando uma ambulância ou um carro para a viagem até Porto Alegre. Algo me dizia que o leito agora estava muito próximo. E estava. No dia seguinte, dia 03 de Janeiro, eram cerca de 9 horas da manhã quando o telefone da Agência tocou. Era de Porto Alegre, prá mim. Engraçado, eu recebia telefonemas de Porto Alegre quase que diariamente, às vezes mais de um por dia, quase sempre da Direção Geral do Banco. Mas naquele momento eu já sabia que não era do Banrisul. Eu sabia que era da Santa Casa. Fui até o almoxarifado da agência, para falar num ambiente mais silencioso. Do outro lado da linha, alguém perguntou "Sr. Marco Antônio?"- "Sou eu", respondi ofegante. "Aqui é da Santa Casa" - continuou - "o Dr. Sílvio Balzan pediu que ligasse pro senhor prá informar que está disponível um leito ao Sr. Egídio Bernardo Arsego..." Um frio percorreu a minha espinha e me contive para continuar ouvindo ..."vocês devem ocupar esse leito até as 18 horas de hoje, tendo em vista que não podemos deixar um leito ocioso por muito tempo. Devem apresentar-se na portaria e..." (ele continou a passar instruções, que ouvi atentamente). E então, toda a angústia que se acumulava no peito há tantos dias, de repente explodiu. Entrei correndo no banheiro da agência e desandei a chorar copiosamente, convulsivamente. Ensopei a toalha de rosto, a ponto de ter que substituí-la depois. Não havia ali um ombro onde recostar minha cabeça. Mas finalmente veio o alívio de que eu necessitava para poder pensar melhor. Era como se toda aquela responsabilidade que eu havia chamado para mim agora se traduzisse em resultado. Até porque eu já começava a sofrer algumas contestações de amigos, que achavam ter sido um erro o caminho que eu escolhera, que talvez tivesse sido melhor ir a Passo Fundo, que talvez fulano ou sicrano pudessem ter conseguido um encaminhamento melhor para o caso do pai, que eu devia ter procurado o médico tal, a secretaria da saúde... enfim, tudo aquilo agora explodia, como num gol feito por um atacante que está há vários jogos sem marcar... Daí o choro incontido.
Apressei-me, então em avisar todo mundo. Os meus colegas comemoraram comigo. Vi alguns com os olhos marejados ao perceber que eu havia chorado muito e entender o que significava prá mim aquele momento. Era a minha primeira vitória no encaminhamento do processo que eu esperava que culminasse com a cura da doença do meu pai.
Liguei primeiro prá Neu, depois pro Nando, prá Mili, pro Digo...acho que todos eles perceberam como eu estava e vibraram comigo. Mas agora vinha mais um capítulo. Tínhamos que ser rápidos. Liguei pro pai e pedi pressa para encontrarmos um veículo que pudesse levá-los em tempo hábil até a capital. Não tínhamos muito tempo. Falei com a Jussane e pedi que auxiliasse, tentando conseguir um carro ou ambulância na secretaria municipal da saúde. Agora o tempo conspirava contra nós.

domingo, 21 de junho de 2009

GRÊMIO ESPORTIVO CRUZEIRO FAZ 80 ANOS


(NO DETALHE, RESGATEI A CARTEIRA DE SÓCIO DO MEU PAI, QUE JÁ ERA SÓCIO-REMIDO DO G.E.CRUZEIRO)





Jantar realizado na sede do Grêmio Esportivo Cruzeiro no último sábado, dia 20 de Junho, comemorou os 80 anos de fundação daquele Clube, um dos mais tradicionais da região da "grande Lagoa Vermelha". Com a presença da grande maioria dos sócios, o evento buscou resgatar um pouco da história da agremiação, fundada em 30 de Maio de 1929 com a finalidade de fomentar a prática do futebol, conforme artigo do estatudo de fundação, que foi lido aos presentes pelo mestre de cerimônia da noite. Na ocasião foram homenageados sócios que, assim como o Cruzeiro, ultrapassaram os 80 anos de vida, inclusive com algumas homenagens póstumas, num clima de muita emoção. Foram entregues certificados de honra ao mérito. Não menos emocionante foi a homenagem prestada à Sra. Maria Sefrin, viúva do ilustre presidente da década de 50, Sr. Fernando Arnaldo Sefrin Filho, já falecido. Após as homenagens, os sócios puderam se divertir num belíssimo jantar dançante, embalado pelo Trio Campeiro, formado por valores locais.






domingo, 14 de junho de 2009

SUCESSO NA ROMARIA DE CARAVÁGGIO






A 58ª Romaria de N.S. de Caravággio de Paim Filho, em que pese o mau tempo, com chuva e frio de 5°, reuniu uma multidão de fiéis, constituindo-se numa das maiores já realizadas. Surtiu efeito todo o trabalho de divulgação e preparação, merecendo os parabéns toda a comissão organizadora e o Pároco, pelo belíssimo trabalho realizado. Espera-se a continuidade do trabalho, para que aos poucos a Romaria de Paim Filho retome seu lugar na Diocese. É a mais antiga da Diocese de Vacaria, mas infelizmente não vinha ocupando bem o seu espaço, perdendo em número de fiéis até para romarias organizadas mais recentemente, como é o caso de Santo Expedito. Felizmente acontece agora uma retomada do caminho de organização e divulgação. Principalmente divulgação, que era o que mais faltava. O Santuário de Paim Filho ganhou essa condição há quase 6 décadas. Em 2011 acontecerá a 60ª Romaria. Tomara que até lá esteja consolidado o lugar de destaque que os painfilhenses e toda a região esperam. E que a comunidade possa também se preparar para o natural crescimento do fluxo de fiéis. Infelizmente, com a existência de um único hotel na cidade, não há espaço para acomodar um número expressivo de romeiros que possam se deslocar até o santuário e que queiram pernoitar na cidade. Entre outras coisas, ha que se investir inclusive nesse detalhe. Com certeza a comunidade está consciente disso e deverá, juntamente com a comissão, o pároco e a municipalidade, encontrar as soluções que permitam um verdadeiro "up grade" na Romaria de Nossa Senhora de Caravággio de Paim Filho. Afinal, quem detém um dos mais belos templos católicos do mundo não pode se contentar com um papel secundário dentre os principais eventos da Diocese de Vacaria. Sucesso, Paim Filho!



Nas fotos, uma amostra da multidão que participou da procissão, na parte da tarde.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

NO NATAL, ELE SE FOI...


Essa relíquia aí ao lado é
uma carteirinha de atleta
expedida pelo CMD de Paim
Filho em 1983. O nome do time
era esse mesmo. Eu e ele
jogamos juntos nesse time de
FUTSAL. Saudades.






PARTE XII


A ANGÚSTIA DA ESPERA


Os dias que se seguiriam acabariam sendo extremamente angustiantes. A minha família estava na expectativa de que em breve o leito na Santa Casa fosse disponibilizado e torcia para que a cirurgia se realizasse o mais breve possível. Em situações assim, quanto mais longa a espera, maior o sofrimento, pela incerteza dos rumos que a doença possa estar tomando. Imagino que para o pai e a mãe tenha sido ainda pior - com certeza foi - pois se nós, que trabalhávamos perifericamente pelo encaminhamento de uma solução, estávamos angustiados, imagina eles, que estavam no centro do problema. E principalmente o pai, que era o doente. O que terá se passado na cabeça dele durante esse tempo? O que vai na cabeça de alguém que de uma hora para outra se descobre com uma doença grave, que poderá significar o fim de sua vida? O instinto natural de sobrevivência nos leva a um apego muito forte à vida, aos familiares, aos amigos, à própria rotina. De repente, o mundo desaba e ficamos sabendo que tudo isso pode ter um fim dentro de um breve período de tempo. Fico imaginando quantas vezes meu pai deve ter chorado escondido em seus momentos de solidão. Imagino em quantos momentos, antes de dormir, ele deva ter ido às lágrimas e ter sido consolado pela mãe. Parece que posso ver a cena com ele chorando recostado no peito da mãe, enquanto ela tentava lhe passar otimismo, como forma de manter alto o seu astral... E aí, fico imaginando o que pode ter se passado na cabeça da mãe. Queiramos ou não, mesmo que não em tão avançada idade, eles já demonstravam características de um casal idoso. Moravam sozinhos, as marcas do tempo já visíveis nos seus rostos, aquelas dores nas costas que se tornavam cada vez mais frequentes... E agora, embora jamais viesse a admitir, a mãe sabia que começava a perder o seu companheiro de mais de 40 anos. O que pensar num momento desses? Confesso que não consigo imaginar o tamanho do sofrimento, sendo sabedora da gravidade e tendo que esconder e negar isso a todo momento para não causar desânimo no doente.
Mas as coisas foram acontecendo e não havia opção de retorno.
Durante mais de 10 dias eu busquei caminhos que me auxiliassem a conseguir o leito na Santa Casa. Era muito difícil. A Santa Casa está sempre lotada. Tentamos até a interferência de políticos, de amigos, de autoridades.Durante uma semana, fiz cerca de 10 viagens de São José do Ouro até Cacique Doble. Ía na residência do Sr. Adroaldo Zottis, amigo ligado ao governo do Estado e a alguns deputados. Contatados, todos prometiam que conseguiriam a vaga para o pai, mas logo retornavam a ligação dizendo que estava difícil e que sua intervenção fora inóqua. Que havia uma ordem de ocupação e era difícil transpor, mesmo que o caso do pai fosse de maior gravidade. Liguei várias vezes ao Jênio Galon, colega gerente e conterrâneo, que estava em Carazinho e era amigo de um deputado influente de lá, tentando a mesma coisa. Tentei a interferência do Nico Cavazzola, que além de nosso amigo é pai de um médico que atua em Porto Alegre e conheceria, talvez, algum "caminho alternativo", mas ele disse que não poderia ajudar nesse caso. Tudo foi em vão. Conversava quase que diariamente com o Dr. Sílvio, por telefone. Não havia dia em que eu não ligasse para o pai para saber como estava e que não fosse indagado sobre o tal leito que não se conseguia. E resignava-se quando eu lhe dizia que ainda não, que não havia vagado nenhum.
Eu estava visivelmente nervoso e não conseguia trabalhar direito. Embora nunca tenham reclamado, eu sentia que a Neu e as meninas estavam insatisfeitas com a situação. Elas entendiam tudo e jamais me cobraram nada disso, mas eu as havia deixado em segundo plano naqueles dias. Parecia que minha vida toda, minha mente, minhas energias, tudo deveria ser canalizado para o encaminhamento de uma solução, que eu nem sabia se existiria de fato.
Um dia o Dr. Sílvio me disse que seria mais provável que conseguíssemos o leito entre o Natal e o Ano Novo, já que é um período onde ocorrem muitas altas, para que pacientes menos graves possam confraternizar em suas casas. Foi bom, pois finalmente tínhamos uma data, mesmo que uma tênue previsão. Melhor do que aquela situação angustiante de não se saber nunca se haveria o tal leito disponível. A ordem era ficarmos preparados, porque quando o hospital nos ligasse deveríamos viajar imediatamente. As vagas não podem ser "seguradas". Os leitos tem que ser ocupados em um prazo não maior do que 12 horas, sob pena de serem repassados a outro paciente.
Assim, houve uns três ou quatro dias de relativa tranquiliade. Era a semana do Natal de 2005 e resolvemos realizar uma ceia lá em casa. Convidamos os pais do namorado da Cristina, o Nando e a família, o pai e a mãe.
Mesa farta, assados, comidas próprias para a ocasião. Nenhuma bebida de álcool.
Foi uma ceia diferente. Lembro que comi muito pouco. Nos abraçamos, tentamos deixar um clima de Natal, mas havia um nó na garganta, uma coisa estranha. Eu não estava feliz. Acho que ninguém estava. Todos estavam disfarçando uma sensação de angústia, de perda, de que algo extremamente ruim estava por vir. As risadas eram nitidamente forçadas. Estávamos desconfortáveis. Nunca esquecerei daquela ceia. No dia seguinte, fomos a Paim Filho para o tradicional almoço de Natal. O pai estava feliz. Foi o último Natal em que o vimos com sua aparência normal - bonachão, brincalhão, rosto cheio, cor saudável. Foi o último.

terça-feira, 9 de junho de 2009

NO NATAL, ELE SE FOI...

PARTE XI

AINDA EM PORTO ALEGRE

Ouvimos atentamente as instruções do Dr. Sílvio. Sentimos nele um certo otimismo. Nos passou segurança quando falou que a cirurgia tendia a ser curativa. Ele, de fato, parecia acreditar que era possível obter a cura do tumor, embora o diâmetro surpreendente de 8cm me deixasse um pouco cético. Parecia inconcebível tirar um pedaço tão grande de um órgão vital e vê-lo regenerar-se a ponto de retornar ao tamanho normal, devolvendo ao pai as suas funções hepáticas sem que restassem sequelas. Mas a impressão era de que estávamos diante de um profissional experiente, com conhecimento de causa. E estávamos.
Uma linha da Unesul saía às 12:15 de Porto Alegre e chegava às 19 horas em São José do Ouro. Depois disso, só conseguiríamos retornar com um ônibus das 19:15 - aquele pinga-pinga que passa por Nova Prata e André da Rocha e deixa a gente parecendo que retornou de uma guerra... E chegaríamos de madrugada. Terrível.
Nos aproximávamos das 11:00 quando o Dr. Sílvio decidiu que seria necessário um outro ultrassom. Era preciso um ultrassom com doppler, com o objetivo de identificar claramente se não havia nenhum outro foco tumoral no fígado do pai. Tudo indicava que não. Mas era necessário, a fim de nortear o procedimento cirúrgico de forma a não deixar possibilidade de recidiva (o retorno do tumor).
Fomos rápidos em decidir onde fazer. O médico nos deu algumas alternativas, mas optei pela que achei mais prática. Liguei para a Marília e perguntei se ela poderia intermediar rapidamente a realizaçao de um exame assim, de modo que pegássemos um táxi e em poucos minutos estivéssemos realizando o procedimento. Eu acreditava que seria possível em pouco mais de uma hora estarmos liberados para retornar com o ônibus do meio-dia. E já fomos conversando sobre plano de saúde, SUS, etc. Acabou que entendemos que não haveria outra solução a não ser realizar o exame pagando "particular". Tudo bem. Eu estava preparado para gastos extras. Mesmo assim, a Marília conseguiu um grande desconto para nós. Acho que nos cobraram apenas os custos do exame. Na pressa, nem lembro por que, acho que justamente pela necessidade de corrermos para a rodoviária, acabamos nem pagando a despesa. A Marília disse que acertava por nós e depois me ligaria para que eu depositasse o valor na conta dela. Foi ótimo. Ganhamos um tempo precioso. O pai entrou na sala do exame e eu fui com ele. Uma médica ou enfermeira extremamente simpática e atenciosa nos atendeu. Foi fazendo o exame e nos explicado em detalhes tudo o que fazia. Conversava com o pai com uma calma relaxante e o deixava cada vez mais tranquilo. Identificou a localização do tumor e nos disse que o restante do fígado estava "quase" perfeito. Na hora não entendemos muito bem o que significava aquele "quase". O pai nunca soube. Eu viria a saber depois, que havia um outro nódulo em formação, próximo do principal. Era a má notícia. Significava que o tumor principal tinha potencial para formação de outros nódulos. Seria um grande desafio para o Dr. Sílvio realizar uma cirurgia que não deixasse resquícios do tumor no tecido hepático do pai.
Na saída, tive que puxar o pai pelo braço. Ele não parava de agradecer à médica pelo tratamento cordial e respeitoso que teve com ele. O pai era assim. Querendo agradá-lo, era só tratá-lo bem. Simplicidade, simpatia, humildade. Eram suas palavras mágicas.
Corremos para o pátio do Clínicas e entramos rapidamente em um táxi. Olhei para o relógio: 12:05. E ainda tinha que chegar e comprar a passagem. Fiz o taxista acelerar tudo o que podia. Parecia que estávamos numa perseguição policial. Por sorte deu tudo certo. Não ficamos presos em nenhum sinal e acabamos chegando em tempo. Comprei as passagens num relâmpago. E mais uma vez peguei o pai pelo braço e o fiz correr. "The Flash" passaria vergonha naquele dia, de tanto que corremos. Quando chegamos ao box da Unesul, o motorista se preparava para entrar no ônibus e fechar a porta...que sufoco. Mas em minutos estávamos ali, acomodados. O pai recostou-se no confortável banco do pinga-pinga e inciou um delicioso cochilo. Eu? Nem sei, porque apaguei de vez. Fui acordar em Caxias, na primeira parada. Por sinal a primeira de muitas que viriam. O cobrador anunciou que seriam 15 minutos. Capaz que eu acreditaria nisso. Nessas linhas da Unesul o tempo segue a lógica de Einstein. É relativo. 15 minutos sempre significam meia-hora.
Só então me dei conta de que estávamos sem comer desde o café da manhã.
E então, às 14 horas daquele fatídico dia, desci triunfante as escadas do ônibus, fui ao bar da rodoviária que fica bem em frente ao box e comprei. Sim, comprei dois belíssimos...pastéis. De carne com azeitona, óbviamente. Eu e o pai nos deliciamos com aquela iguaria, enquanto saboreávamos uma coca-cola geladinha. Foi um fantástico almoço. Podem acreditar.