PARTE XLI
BALDE DE ÁGUA FRIA
Nos conformamos com o veredito da equipe de transplantes, entendendo as dificuldades que teríamos se tentássemos incluir o pai na fila. Era hora de pensarmos no acompanhamento de sua evolução e aguardar o surgimento de alguma alternativa. Até em células-tronco nós pensamos. Havia notícias à época, de avançados estudos, inclusive no Brasil, indicando que as experiências mostravam-se muito positivas nesse campo. Não custava sonhar.
*******
No retorno a Paim Filho, imediatamente buscamos marcar a primeira consulta com o Dr. Paulo Cavazzola, para avaliação do estado do fígado do pai e orientações. Marcou-se uma visita ao consultório, ainda naquela semana. O pai realizaria diversos exames de sangue e uma avaliação geral de seu estado de saúde.
Enquanto isso, eu continuava meu curso em Passo Fundo. Estava indo bem. As notas que eu vinha obtendo nas provas refletiam meu estado de ânimo no momento . A expectativa, quase convicção, de que o pai iria superar a doença, me levava a obter bom desempenho naquele MBA. As notícias sobre ele vinham sendo tão boas que nos faziam, de fato, acreditar que o milagre pudesse acontecer.
Realizados todos os exames, com acompanhamento da mãe, que não largava dele, ficamos aguardando que o Dr. Paulo nos passasse as notícias.
E elas vieram na semana seguinte.
Recebi um telefonema da Jussane, creio que na Terça-Feira seguinte, e já nas primeiras palavras dela pude notar que não estava tudo bem.
- O Dr Paulo pediu que você ligue prá ele prá marcar uma nova consulta. O mais rápido possível. Segundo ele, as notícias podem não ser muito boas...
Pronto. Não precisava me dizer mais nada. Acontecera o que eu temia mas relutava em admitir: o tumor devia ter voltado.
Nervoso, liguei imediatamente para o Dr.Paulo. E confirmou-se o meu temor. O exame chamado de “alfafetoproteína” (um marcador de tumores hepáticos) estava alterado. Seria preciso uma tomografia para confirmar. Lembro de ter pronunciado ao Dr. Paulo o velho clichê “e agora, Doutor?” e de ter ouvido dele um “calma, vamos analisar a situação...”
Fiquei muito preocupado, lógico, e imediatamente buscamos agendar a nova consulta. Seria na Quinta-Feira. Era preciso uma tomografia, para verificar o estado do fígado. O pai precisaria ficar baixado, pois caso se confirmasse o retorno do tumor, algum procedimento teria que ser iniciado de imediato.
Na Sexta-Feira eu tinha curso em Passo Fundo. Buscaria o pai no Sábado, em Erexim. Ou no Domingo, dependendo da situação.
E foi no intervalo do meu curso, no turno da noite, que recebi um telefonema do Nando, que tinha acompanhado o pai daquela vez.
- Más notícias, Marco – disse ele – o tumor voltou mesmo. A tomografia aponta dois novos nódulos, de 1,5 e 1 cm respectivamente. O Dr. Paulo precisa falar contigo amanhã, quando você vier buscar ele. Vamos ter que iniciar um tratamento, mas ainda não sabemos bem o que será feito. Está complicado.
Fiquei muito abatido, o que foi notado pelos colegas de curso. Na aula seguinte eu já não conversava com a mesma desenvoltura e os trabalhos já não rendiam como sempre. Tinha sido, de fato, um “balde de água fria” em nossas esperanças de ve-lo curado da doença. E o pior é que agora não haveria mais condições de se realizar procedimentos invasivos. Ele não agüentaria uma nova cirurgia e nem seria esse o procedimento indicado. Acho que foi naquele momento que a ficha finalmente caiu e eu percebi que começávamos definitivamente a perdê-lo...
BALDE DE ÁGUA FRIA
Nos conformamos com o veredito da equipe de transplantes, entendendo as dificuldades que teríamos se tentássemos incluir o pai na fila. Era hora de pensarmos no acompanhamento de sua evolução e aguardar o surgimento de alguma alternativa. Até em células-tronco nós pensamos. Havia notícias à época, de avançados estudos, inclusive no Brasil, indicando que as experiências mostravam-se muito positivas nesse campo. Não custava sonhar.
*******
No retorno a Paim Filho, imediatamente buscamos marcar a primeira consulta com o Dr. Paulo Cavazzola, para avaliação do estado do fígado do pai e orientações. Marcou-se uma visita ao consultório, ainda naquela semana. O pai realizaria diversos exames de sangue e uma avaliação geral de seu estado de saúde.
Enquanto isso, eu continuava meu curso em Passo Fundo. Estava indo bem. As notas que eu vinha obtendo nas provas refletiam meu estado de ânimo no momento . A expectativa, quase convicção, de que o pai iria superar a doença, me levava a obter bom desempenho naquele MBA. As notícias sobre ele vinham sendo tão boas que nos faziam, de fato, acreditar que o milagre pudesse acontecer.
Realizados todos os exames, com acompanhamento da mãe, que não largava dele, ficamos aguardando que o Dr. Paulo nos passasse as notícias.
E elas vieram na semana seguinte.
Recebi um telefonema da Jussane, creio que na Terça-Feira seguinte, e já nas primeiras palavras dela pude notar que não estava tudo bem.
- O Dr Paulo pediu que você ligue prá ele prá marcar uma nova consulta. O mais rápido possível. Segundo ele, as notícias podem não ser muito boas...
Pronto. Não precisava me dizer mais nada. Acontecera o que eu temia mas relutava em admitir: o tumor devia ter voltado.
Nervoso, liguei imediatamente para o Dr.Paulo. E confirmou-se o meu temor. O exame chamado de “alfafetoproteína” (um marcador de tumores hepáticos) estava alterado. Seria preciso uma tomografia para confirmar. Lembro de ter pronunciado ao Dr. Paulo o velho clichê “e agora, Doutor?” e de ter ouvido dele um “calma, vamos analisar a situação...”
Fiquei muito preocupado, lógico, e imediatamente buscamos agendar a nova consulta. Seria na Quinta-Feira. Era preciso uma tomografia, para verificar o estado do fígado. O pai precisaria ficar baixado, pois caso se confirmasse o retorno do tumor, algum procedimento teria que ser iniciado de imediato.
Na Sexta-Feira eu tinha curso em Passo Fundo. Buscaria o pai no Sábado, em Erexim. Ou no Domingo, dependendo da situação.
E foi no intervalo do meu curso, no turno da noite, que recebi um telefonema do Nando, que tinha acompanhado o pai daquela vez.
- Más notícias, Marco – disse ele – o tumor voltou mesmo. A tomografia aponta dois novos nódulos, de 1,5 e 1 cm respectivamente. O Dr. Paulo precisa falar contigo amanhã, quando você vier buscar ele. Vamos ter que iniciar um tratamento, mas ainda não sabemos bem o que será feito. Está complicado.
Fiquei muito abatido, o que foi notado pelos colegas de curso. Na aula seguinte eu já não conversava com a mesma desenvoltura e os trabalhos já não rendiam como sempre. Tinha sido, de fato, um “balde de água fria” em nossas esperanças de ve-lo curado da doença. E o pior é que agora não haveria mais condições de se realizar procedimentos invasivos. Ele não agüentaria uma nova cirurgia e nem seria esse o procedimento indicado. Acho que foi naquele momento que a ficha finalmente caiu e eu percebi que começávamos definitivamente a perdê-lo...